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Pesquisadores da UFSM participam de projeto sobre Covid no sistema prisional

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Agência Brasil

O Painel do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) atualiza a situação do coronavírus no sistema prisional brasileiro. Lá, é possível monitorar dados como as 202 confirmações e sete mortes até a última quinta-feira. No Rio Grande do Sul, são 12 suspeitas entre as 41.272 pessoas que compõem a população prisional do Estado. Para contextualizar e verificar esse cenário, foi criado o Infovírus, um projeto que reúne pesquisadores vinculados a sete universidades. Uma delas é a Universidade Federal de Santa Maria, que atua junto da Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade de Brasília, Universidade Federal de Pernambuco, Universidade Católica De Pernambuco e Universidade Estadual de Feira de Santana

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.A professora da UFSC Marília de Nardin Budó é uma das quatro coordenadoras do projeto. Jornalista e advogada, Marília é formada pela UFSM e lecionou na instituição até ser convocada, em 2019, pela universidade catarinense, onde estendeu um grupo que já existia em Santa Maria.

- O Infovírus é movido por quatro grupos de pesquisa: Centro de Estudos sobre Desigualdade e Discriminação (UnB), Grupo Asa Branca de Criminologia (UFPE/UNICAP), Grupo de Pesquisa em Criminologia (UEFS) e o Poder, controle e dano social (UFSM/UFSC), e alguns pesquisadores autônomos. "O Poder, controle e dano social" foi começado em Santa Maria, e há ainda estudantes da UFSM envolvidos nele - conta a professora.

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A iniciativa veio do grupo da UnB, que já tem experiência com análise de dados do sistema prisional. A checagem de informações busca evidenciar discursos falsos com fundamentos científicos. Um exemplo é o primeiro discurso do ex-ministro Sérgio Moro sobre a situação nas casas prisionais, em que ele afirmou que a situação da Covid-19 nas prisões estava "sob controle".

- Ele utilizou argumentos insustentáveis e dados falsos, o projeto de checagem de informações veio como forma de produzir uma contra narrativa que tivesse fundamento científico. São anos e anos de acúmulo de pesquisas no campo da criminologia mostrando a terrível situação do sistema carcerário brasileiro - explica Marília.

As checagens são de informações oficiais divulgadas pelo governo federal ou de secretarias. A principal fonte é o Depen, vinculado ao Ministério da Justiça. Os dados são analisados e, então, verifica-se possíveis confusões entre os números. O mesmo pode ser feito com discursos de autoridades, a exemplo do post sobre a fala de Moro. Discursos e números também são confrontados com notas técnicas, pareceres, e outros materiais emitidos por órgãos de combate e prevenção à tortura, pastoral carcerária e defensorias públicas dos estados. A jornalista formada pela UFSM Kauane Müller atua no projeto de maneira autônoma e menciona outro exemplo de questionamento dos dados.

- Numa análise do estado do Amazonas, onde o sistema de saúde colapsou, o Depen publicou que não houve nenhuma morte em prisões. Mas reportagens na imprensa do Amazonas e nacional falavam com as famílias de presos que indicavam que havia isolamento e suspeitas desde março - exemplifica.

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Kauane estudou, durante o período em que produzia sua dissertação - também na UFSM - a atuação da checagem jornalística. O trabalho deu embasamento para orientar ao grupo do projeto - que é majoritariamente da área do Direito -  sobre "como fazer" as verificações. Ela explica que, em um primeiro momento, são feitas as checagens, com apuração minuciosa das fontes e informações apresentadas, e, depois, a divulgação em redes sociais.

- A checagem e análise não são jornalísticas, mas se utiliza técnicas do jornalismo. A troca de conhecimentos tem sido bem interessante - comenta.

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O foco na ciência e o repertório acadêmico dos integrantes são o que permite as verificações de discurso. E, a partir disso, a intenção do Infovírus vai além de informar.

- Diante do problema humanitário enfrentado nas prisões brasileiras, o projeto é também uma forma de divulgação científica daquilo que é produzido pelos grupos de pesquisa dessas universidades - fala Marília.

O projeto deve atuar enquanto perdurar a pandemia. Não há estimativa de quanto tempo ele deve seguir, portanto. O Infovírus pode ser acessado no Twitter e no Instagram.

*Colaborou Leonardo Catto

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